quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Música: O Quarteirão dos Cemitérios (21.02.13)

Visão opaca
Sombras severas
Eu posso sentir
Cada corte

É tão fundo
O toque do desespero
Essas paredes me espremem
Esse ar me subtraí

Lembranças embalam
Meu sono doentio
Sonhos esfarelam
De encontro ao vazio

Nessa madrugada eu senti frio
50° de uma
Presença violenta
Que transborda em sangue

Dor, suor e gana
Para pôr tudo p'ra fora
Ir embora de uma vez

Não me engano
É realismo cru e nú
Aqui é a casa do mal
Essas árvores são
a sustentação do caos

Nuvens que se formam
Desde quando eu cheguei
Deixando p'ra trás
Tanto do que eu amei
Sangra em mim toda a tristeza
De nunca viver em paz

Não me engano
É realismo cru e nú
Aqui é a casa do mal
Essas árvores são
a sustentação do caos

Este é o pior lugar
Em que eu poderia estagnar
Aqui respiro morte
Sem jamais encontrar sorte

Dolorida eu vou me entregar
Se ir embora é utopia
Eu desisto de resistir
O desconforto é a pior forma
De existir

Uma paisagem que nada diz
Guarda um futuro
Ainda mais infeliz

Ao acaso vim
Por um triz
Não fui embora

O tempo é cruel
E não eu posso mais esperar
Nem mesmo suportar

A vida que eu perdi
Ao vir parar aqui
O tanto que aprendi
Sem serventia

Acorrentada pelo pescoço
Sufoco em desgraça
Atenta ao que me cerca
Já não vejo graça
Dentre restos mortais

Pois o que sobrou
Foi somente o peso da estrada
Que faz crescer o medo
Durante a madrugada

Agora eu já não vejo
Mais nada
Escureceu
Depois de cada imagem
Me cruzar

Lembranças que até hoje
Sempre me fazem chorar
São histórias que eu vou deixar
Logo ao correr
A última lágrima
Silenciar

By: Lulu
21.02.13

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Música: Décimo Quinto (15.02.13)

Nós fomos vitímas do tempo
Cadáveres circunstâncias
Não sei se é pedir demais
A alguém que também perde o sono
Dormindo sem adormecer

Mas se você conseguir
Me responder
Talvez consigamos aliviar
O peso que carregam nossos olhos
A dor que cansa o nosso
Corpo e o coração

Me diz então
Quantos dias mais
Sem nada somar?

Quantas tantas outras vezes
Acordar sem razão p'ra despertar?
Será que ainda posso acreditar
Que existe para nós
Outro lugar?

Me diz então
Se não há em você
Medo de que seja mera ilusão?
Só um sonho bom
Em meio a confusão
Uma sensata artemanha
Em pról da razão
Clemência por suportação

Me diz então
Caso haja em sua voz
Um pouco mais
Que os tons desfalecidos
Do que resta
Sempre após o desespero
De perceber
Bem junto ao travesseiro
O cativeiro a cercar
Outro amanhecer nesse lugar

Onde o vento entre as árvores
Serve para mover mais terra
E nos enterra a cada dia
Verão, Outono, Inverno e Primavera

Me diz então
Só para confortar
Que também espera
Que não passe de impressão
Ao abrir a janela
Antes da próxima estação

Missão cumprida
Estrada certa
Um quintal só meu e seu

Me diz então
Que ainda há vida p'ra alcançar
Que esse dia finalmente vai chegar
Tardia despedida
Enfim longe desse jardim

By: Lulu
15.02.13

Música: Despontar (15.02.13)


A luz do Sol chegou agora
Mas nada parece acontecer
Ainda está escuro em mim
Eu não consigo encontrar
O que restou aqui

Quando abro os olhos
Nada além de lágrimas
Tento acreditar
Que dessa vez a madrugada
Vai levar embora a dor
E quem sabe possa nascer
Um outro dia
Pintado de outra cor

Não quero cegar
Mantenho o coração
Mesmo sangrando
Ao lutar em vão
Eu sei que somente ele
Tem a direção

Um caminho mais certo
P'ra eu seguir
A única forma de resistir

Quando cada marca
Carrega uma canção
Quando nada remete salvação
E as paredes espinhentas
São um labirinto
Onde estou a ir e vir

Um corredor estreito
Sem espaço p'ra escapar
Sons sem outro efeito
Além de perturbar

A janela aberta
Tráz um vento
Que abafa o ar
Eu permaneço aonde o silêncio
For capaz de estar

Entre as lembranças
E as apostas a despedaçar
Um pouco mais de mim

Algo ainda brilha no meu peito
Fazendo contornos nesse pranto
Soprando nessa apnéia esperança
Dizendo; não terminou
O Sol voltou

Não quero cegar
Mantenho o coração
Mesmo sangrando
Ao lutar em vão
Eu sei que somente ele
Tem a direção

Um caminho mais certo
P'ra eu seguir
A única forma de resistir

Quando cada marca
Carrega uma canção
Quando nada remete salvação
E as paredes espinhentas
São um labirinto
Onde estou a ir e vir

Um corredor estreito
Sem espaço p'ra escapar
Sons sem outro efeito
Além de perturbar

A janela aberta
Tráz um vento
Que abafa o ar
Eu permaneço aonde o silêncio
For capaz de estar

Entre as lembranças
E as apostas a despedaçar
Um pouco mais de mim

No fim é tudo
O que eu preciso
Para avançar
Um pouco mais de mim
E então irei chegar

By: Lulu
15.02.13

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Música: Depois das Reticências (12.02.13)

Além dessa vontade de voltar
Por trás dessa tendência de sentir faltar
A sabedoria a se revelar
Traça no presente o alívio
De notar que é natural

As vezes o que sobram
São lembraças e mais nada
Isso é tudo
Porque o tempo segue em frente

E quando ausências representam
Voltar a se pertencer
São histórias que mostram
O seu final

Não sei por que essa agônia
Ao desvendar mais um desfecho
Os olhos não encontram mais
A boca sente o gosto
De secar sem mais palavras
Na alma a sede de entender
Ao ponto de consertar
Tudo outra vez

Desnecessário, isso foi ontem
Hoje as nuvens não retém
Nem mais as marcas
Das borboletas mortas
Depois da chuva da madrugada

Sustentar promessas falsas
Leva tudo sem deixar
Em lugar algum

Pouco importa o insucesso
é em jejum que recomeça
A chance de alimentar o coração
Somando verdades
Mesmo onde nada é são

Eu conheço o perdão
É ele quem me dá a mão
A todo o tempo onde as memórias
Sempre te preservam em tom claro

Sou feita de escuridão
Certas vezes eu me calo
Adormeço em solidão
Sabendo que é mesmo assim
Ciente de que tudo tem fim

E o dia também caí
Minha voz então enfim se sobressái
Ao cantar, prossigo e talvez alcanço
São tantos os momentos
Em que a gente só precisa
Se encontrar enquanto só

Abraçando tudo o que está lá dentro
O sofrimento se desprende
Logo mais nada se vê
A Quarta-Feira nasce
Como sempre a me fortalecer
Quais são mesmo as reais chances
De esquecer?

By: Lulu
12.02.13

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Música: Inspirando morte (08.02.13)


Eu não sei se é o vento
Quando me encosta assim
Ou então o tempo
Que manteve você
Tão longe de mim

Por vezes sinto algo faltar
E lembro dos dias
Em que sabia
Que iria repousar a alma
E cantar os poemas que guardava
Enquanto só

Parecia tão real
Lindo e permanente
Hoje eu sei
Era somente mais uma estação
Como todas que se vão

Triste como esse Verão
Feito de dores e promessas esquecidas
Debulhado em frases prontas e perdidas
Em feridas que jamais fecharão

Sou saudosa eternamente
Do Sol d'aquele Verão
Meus olhos acesos
Crentes na redenção

Engano meu
Tudo terminou
O que sobrou falhou
O abrigo se desfez
Era um câsulo com pregos por dentro

E eu sangrei
Sangrei quando escapei
Saí com vida sem mais viver
Esqueci da vontade
Em algum lugar
Talvez no caminho esquizito
Que ainda ousa me chamar

Parecia tão real
Lindo e permanente
Hoje eu sei
Era somente mais uma estação
Como todas que se vão

Algumas sem esperar
Sem esperar
Algumas em solidão
Partem sem avisar
Mesmo sem vingar

By: Lulu
08.02.13